sábado, 26 de abril de 2008

25 DE ABRIL, POIS ENTÃO!

1974
-Marquês de Pombal-

A cronologia deste dia de liberdade, que calhou a uma quinta-feira, foi por mim passado assim…
-Na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro com o Coronel Manuel Correia a discursar e o Prof. Dr. Jorge Valadares a dar-lhe toda a atenção e sob a égide da fotografia do General Costa Gomes, antigo Presidente da República-

Como habitualmente saí pelas 7H30 de minha casa, do Bairro das Pedralvas (Benfica) no meu morris mini (IE-44-33) com a mulher (Maria Júlia) e o nosso filho (Rui Fernando, com 22 meses de idade) a caminho da residência de meus sogros, no Areeiro. O “puto” ia a dormir, embrulhado em cobertores, para acabar por acordar noutra sua cama, na casa dos avós.
-Entoando as canções de Abril-

A cerca de novecentos metros da saída de casa, nas traseiras do Cemitério de Benfica, já havia uma barreira militar que impedia o trânsito de seguir em frente, para a Pontinha (onde estava o quartel-general dos capitães).
-Viatura Chaimite, um símbolo do 25 de Abril-
Tomei outro percurso e no trajecto fomos ouvindo na rádio músicas militares. Espaçadamente o Movimento das Forças Armadas comunicava e recomendava que as pessoas deviam manter-se nos seus lares e que aguardassem mais informações do MFA.
-Em quem confio-

Deixei a Maria Júlia e o Rui no Areeiro e segui, de carro, para o meu local de emprego, que ficava na “baixa”. Não pude passar pelo habitual percurso pois a movimentação de tropas no centro da cidade assim determinava.

-O desfile vai começar-

Chegado à firma onde trabalhava (Estabelecimentos Rodrigues & Rodrigues), isto por volta das 8H30, encontrei algumas das minhas colegas costureiras a chorarem dado que vindas de diversos locais, principalmente da outra banda (Almada, Seixal, Barreiro, etc.), tinham visto o aparato militar e não sabiam o que poderia vir a acontecer-lhes assim como aos seus familiares mais próximos, filhos, cônjuges, etc.

-Avenida da Liberdade-

Uma cena que mais as afligiu (que eu não vi) foi terem visto os carros de combate (os prós e os contra) na rua do Arsenal, estarem frente-a-frente em posição de fogo e se não fosse o bom senso e a frieza dos seus comandantes e comandados não se sabe o que poderia daí resultar.

-Palco no Rossio-

Nas instalações da Empresa andei sempre com um rádio portátil a ouvir os noticiários, e com o colega Mário Carvalho Fernandes andámos a acalmar as mais pessoas sensíveis. Resolvi falar telefonicamente com os responsáveis da Administração da Empresa – que não compareceram no local de trabalho – que decidiram encerrar as instalações até nova indicação, ordem transmitida a todos os que tinham comparecido até ali e que prontamente foram embora.
-Da esquerda: irmã da Miriam Cardoso que está a seu lado, esposa do Tenente-Coronel Jacinto Montezo e a mãe de Miriam-

Não foram abertas as lojas e os escritórios e também saímos de seguida para nossas casas. Não sem antes, na companhia de um outro colega, João de Jesus Rebelo, o “caixa” e antigo ciclista credenciado, termos ido adquirir alguns (poucos) géneros alimentícios à nossa mercearia fornecedora (Coutinho & Coutinho). Aproveitou a minha boleia e fui levá-lo a onde morava, na rua Guilherme Faria, em Alvalade.
-Miriam Cardoso, sorridente-

Daí dirigi-me ao Areeiro onde apanhei a minha mulher (que não foi trabalhar – era telefonista na Câmara Municipal de Lisboa, na rua da Palma) e o nosso filho e regressamos a casa, a Benfica, sem qualquer problema.

-O Maestro vai iniciar o concerto-

Com eles em segurança voltei a ir para o centro nevrálgico da crise, a baixa da cidade, mas já sem conduzir a viatura, e percorri a parte nobre de Lisboa, Restauradores, Rossio, Carmo, Avenida da Liberdade, enfim, andei, caminhei, parei e vivi momentos de alegria, liberdade e de fraternidade entre as pessoas que se sentiam libertas do peso da ditadura que oprimia os portugueses e os povos irmãos que pretendiam a independência dos seus países subjugados pela prepotência arrogante de meia dúzia de senhores poderosos que tinham a polícia política (PIDE) a proteger-lhes os seus desmandos e cretinices.

-Acção-

Mais tarde filiei-me no Partido Socialista – sou o militante 4587 - e, como seu apoiante, nos bons e maus momentos, estive anonimamente com tantos milhares de camaradas nas campanhas da defesa da liberdade, direitos e garantias dos cidadãos, quer em manifestações, concentrações ou protestos, quer noutras acções que, até, envolveram o risco da própria vida. Valeu a pena, digo eu.

-Interpretes-

Contudo, passados que foram 34 anos do dia da Liberdade, encontro algum desalento naqueles que, comigo, viveram o movimento de libertação pois o trilho que Portugal seguiu não foi o mais consentâneo com as aspirações dos amantes duma vida estável, justa e de futuro. Alguns governos não puderam ou não quiseram dar melhores condições de vida a todos nós. Por aselhice, por incompetência, por falta de sensibilidade dos ditos governantes, enfim, por algo que o povo não entende, mas sente no seu dia-a-dia e, principalmente, quando vai adquirir os bens essenciais à sua existência.

-Enquadramento-

Continua-se a pedir contenção, privação e paciência aos portugueses. A título pessoal devo dizer que também já cumpri a minha parte para com a Segurança Social, para onde descontei desde Abril de 1957. Quer isto dizer que já podia estar reformado quarenta anos depois de ter sido inscrito, facto que ocorreu em 1997. Conscientemente não o fiz, pois só vim a reformar-me quando perfiz os 65 anos de idade, em 2007. Estar a trabalhar, receber o ordenado e a reforma não é para o meu feitio. Estaria mais rico? O que estou é bem com a minha maneira de ser, aliada aos princípios que sempre me têm acompanhado na minha vida. Hoje recebo unicamente a pensão, pese embora objectivasse auferir os tais 100% para os quais trabalhei afincadamente mas face às contingências estruturais (mas que palavrão…) nem de perto isso acontece.

-Concentrada-

Outra mágoa que sinto é o facto de ter ido cumprir o serviço militar (obrigatório, diga-se) em África e Portugal, o meu país, não ter tido ainda a consideração devida a todos aqueles que, como eu, estiveram noutras paragens, casos de Cabo Verde, Timor, Macau e São Tomé e Príncipe (locais onde não se verificaram confrontações com os povos que pretendiam a sua justa liberdade), pois o seu sacrifício e o cumprimento do dever exigido pelo poder instituído, não foram objecto de qualquer benesse na reforma. Foram tratados como os restantes que não chegaram a ser mobilizados para o Ultramar. Uma injustiça, direi eu!

-Pormenor-

Aguardamos melhores dias, pese embora já tenham decorrido três gerações…

-Missão cumprida, feliz por isso...-

2008

-Agradecimento pelos aplausos recebidos-

Nas comemorações deste ano estive na passada quarta-feira, dia 23, num jantar na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Lisboa, onde foi evocada a data da liberdade, com um excelente convívio e as sábias palavras do seu Presidente Prof. Dr. Jorge Valadares e do representante da Associação 25 de Abril, Coronel Manuel Antunes Borges Correia. Foi bonito entoarmos as duas canções que se destacaram das 157 criadas na altura, “Grândola, Vila Morena” e “Uma Gaivota Voava, Voava…”

-O cerimonial das bandeiras-

Ontem, no próprio dia 25 de Abril, estive no Marquês de Pombal, desci a Avenida da Liberdade e passei no Rossio e, para acabar o dia em beleza, assisti no Largo do Carmo ao concerto da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, onde o meu bom Amigo e Maestro, Tenente-Coronel Jacinto Montezo e os seus músicos (onde se inclui a jovem flautista Miriam Cardoso) brindaram os presentes com um deslumbrante festival harmonioso que a todos sensibilizou e, em retribuição, aplaudiram de tal forma que tiveram ainda direito a mais uma (única) interpretação extra, dado que, a seguir, íamos presenciar a cerimónia protocolar do arriar das bandeiras no Quartel-General da Guarda Nacional Republicana, como se pode verificar nas fotos.

-Guarda de Honra-

E assim passei o dia da liberdade, percorrendo, outra vez e a pé, os sítios por onde andei há 34 anos, quando eu era mais leve, tinha cabelo e um grande arcaboiço físico para suportar a canícula extemporânea que hoje se fez sentir em Lisboa (30 graus) …

-Perfilamento-

Para o ano lá estarei gritando: 25 DE ABRIL SEMPRE!

-Pela Lei pela Grei-

2 comentários:

Anónimo disse...

bonita e dedicada foto-reportagem.
quanto ao 25A, estiveram 30º o que já não foi mau.
do resto(s), a História encarrega-se.
sábia e serena.

RS

Anónimo disse...

Peço Asilo Político, Je demande Asile Politique, Ich verlange politisches Asyl, I ask for Political asylum
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Ditaduras, PIDE/D.G.S.E., Tortura, Fome, Corrupção. Não Obrigado.
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Liberté, Démocratie, Justice, Presse, Droits Humanitaires. Oui.
Dictatures, PIDE/D.G.S.E., Torture, Faim, Corruption. Non Merci.
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