sábado, 21 de março de 2009

SERÁ QUE ESTAMOS CERTOS?

Como se sabe qualquer frequentador de quaisquer cursos especializados é instruído para sujeitar-se com o que está determinado para a função, quer a parte técnica, a componente social e, principal e determinante, quanto à ética e deontologia.

Ora bem, até tudo está tudo legal, pois há que cumprir com o que está estabelecido.

Na arbitragem, durante o período das aulas o aluno, para além de ter de entregar uma vasta e complexa documentação e estar sujeito ao Fisco, Segurança Social e quejandos, esforça-se empinando a matéria, teórica e prática, e passados os exames, tais como os testes escritos, provas físicas e orais e eis que está pronto para ir participar no primeiro jogo de futebol e da sua vida, aliás o mais importante, pois saberá no fim de realizado se a tarefa que lhe foi atribuída é ou não compatível com a sua vontade, querer e capacidades.

Se gostar e demonstrar que pode continuar tem outra oportunidade para ajuizar dos seus dotes e irá por aí fora até ao final da carreira que se deseja longa e profícua, se possível com a insígnia da FIFA ao peito.

Isto é a leitura que, no mínimo, se faz do sector mais frágil e desprotegido do mundo do futebol.

Agora, passemos para o outro lado, o partido mais fácil, onde os clubes, através dos seus dirigentes, treinadores, jogadores, médicos, massagistas, roupeiros, adeptos e restante tribo do futebol:

-Querem sempre o melhor árbitro para o seu jogo.

-Nunca interpretam que o garante da competição é o Árbitro.

-Quando os recebem nas instalações do clube é tudo rosas, mas quando a “coisa” não corre bem para as suas cores, aparecem os respectivos espinhos…

-Não aceitam de bom grado que as suas equipas sirvam para que os Árbitros Estagiários dirijam os seus primeiros jogos.

-Pensam que o Árbitro é infalível.

-O Árbitro é o principal culpado dos maus resultados que sofrem.

-Basta o mais pequeno erro para o Árbitro ficar marcado para todo o sempre.

-Na hora da indicação do Árbitro recorrem à memória para se avivarem situações que se verificaram há montanhas de tempo.

-Classificam o Árbitro pelos mais pequenos deslizes que comete e não pelas milhentas intervenções acertadas que tem de fazer.

-Em caso de dúvida pessoal consultam de imediato a TV e, nalguns casos, ficam a saber o mesmo, mas naqueles que confirmaram o lapso, ficam superiores à própria realidade, como que inchados e descarregam a sua bílis no alvo mais apetecido: o Árbitro!

-O Árbitro é sempre o objectivo a abater: seja ele o mais categorizado ou não!

Estas são as interpretações mais ligeiras daqueles que assim vêem a arbitragem.Quanto ao título deste texto, a questão coloca-se assim:

-Sendo o Árbitro uma peça essencial num jogo de futebol, o porquê das ofensas verbais e físicas que sofrem durante as suas actuações?

-Será que terá de suportar toda a espécie de desmandos dos energúmenos que proliferam no futebol, os quais, graciosamente ou a troco dum simples e barato ingresso, julgam-se no direito de ofender e agredir um ser humano que está a dar o seu melhor em prol do desporto-rei?

-O Árbitro não terá direito à dignidade e ao devido respeito, por todos aqueles que se servem do futebol para o denegrir?

Enfim, aqui fica a reflexão para os mais facciosos, aqueles que são capazes de tudo, até dar a vida pelo seu clube, mas não pelo futebol, afinal a razão de ser do seu ideal desportivo.

Um Bom ano de 2009!

Alberto Helder

Nota: Este original foi divulgado em Janeiro passado no brasileiro CARTÃO VERMELHO - o maior sítio mundial sobre arbitragem do futebol.

Ver:

http://www.cartaovermelho.esp.br/index.php?name=Sections&req=viewarticle&artid=524&page=1

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