quinta-feira, 25 de março de 2010

PROCESSO DAS CLASSIFICAÇÕES DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL (8)

A sessão dupla prevista para o dia 23 de Março de 2010 (terça-feira), começou às 10H26 (com início marcado para as 09H30) e terminou às 12H35. Depois do almoço reiniciou-se às 15H41 (estava prevista para as 15H00) e acabou às 18H02.

Compareceram ao habitual colectivo e procurador os arguidos Pinto de Sousa, Azevedo Duarte, Francisco Costa e Paulo Torrão. De manhã estiveram 18 Advogados e à tarde, 16.

Os declarantes, pela ordem que se indica a seguir, foram respondendo às questões que lhes foram colocadas e que abaixo se transcrevem, com os três primeiros a serem ouvidos através de vídeo-conferência:

JORGE FRANCISCO ÁGUA-DOCE FONTES (Observador) – Afirmou que, por duas vezes, foi contactado por Azevedo Duarte que lhe pediu para beneficiar 2 Árbitros, que eram jovens e os ajudasse, mas não especificou qualquer pontuação a atribuir. Contudo, não seguiu a determinação que lhe exigiram. Era um Observador normal, não dando notas altas.

FERNANDO ILÍDIO CUNHA CARDOSO (Observador) – Também diz ter sido contactado telefonicamente por Azevedo Duarte e numa delas, pediu-lhe para condicionar a nota atribuída a um Árbitro, que não lhe desse mais de 30 pontos, justificando que não podiam subir todos e haveria que fazer a gestão das subidas e descidas. Achou muito estranho este pedido, mas não o aceitou, pelo contrário atribuiu aquilo que o Árbitro mereceu, 36/38 pontos, pontuação que não pode precisar.

JOSÉ GUILHERME SANTOS TEIXEIRA (Amigo) – Diz que foi ele que meteu o vício da arbitragem a Castro Alves que conhece há muito tempo. Considera que foi lesado com a classificação que lhe atribuíram. Nos fins-de-semana que com ele se encontrava via-o desanimado e triste pelo que lhe faziam com as nomeações. É um homem de carácter, bom e experiente Árbitro, mas sentia-se prejudicado e desanimado. Entende que, graças à sua boa educação e o amor à arbitragem, só poderia ser bom! Comentava consigo se valia a pena continuar a interessar-se pela arbitragem pelos interesses envolvidos e pela sua idade. Foi bastante prejudicado, pese embora o bom trabalho realizado na direcção dos jogos. Entende que houve má-fé para com o seu ídolo. Sabe que recorreu da classificação que o baixou de categoria para saber a razão. Soube, depois, que o recurso foi rejeitado, razão porque não pôde trabalhar no futebol, principalmente como Treinador do Sousense que lhe endereçou convite e teve de recusar. Estima que o valor médio que recebia por época era de 5.000/6.000 euros, 500/600 euros, durante 10 meses. Nunca soube das suas classificações e disse-lhe que iria ser prejudicado pela idade que tinha, para dar entrada aos mais novos. Recorda que Castro Alves saiu dos distritais em 3 anos e quando atingiu os 43 na 3ª categoria nacional começou a ter problemas. Reforça que tinha características e qualidade para continuar a ser um bom Árbitro, como vinha a acontecer até ali, sempre com boas prestações. Devido à idade, foi um alvo a atingir pelos seus dirigentes. Afiança que houve Observadores a prejudicá-lo, pois acredita que Castro Alves nunca teve más arbitragens, mesmo não tendo assistido a qualquer jogo por si dirigido. Destaca o seu carácter e a inibição que lhe foi imposta por falta de pagamento das custas com o processo de recurso numa altura que estava desempregado. Pediu à Federação para liquidar a dívida em prestações mas foi-lhe negado provimento. Tem a certeza absoluta que técnica e fisicamente é um bom elemento, pois ainda hoje dirige jogos de futebol organizados pela Associação de Veteranos do Norte, onde é colaborador.

PORFÍRIO MATOS ALVES (Amigo) – Conhece Pinto de Sousa há muito tempo e trabalhou com ele no Conselho de Arbitragem, na época 1983/84, quando foi Vogal e responsável da área de formação dos Árbitros. Nunca teve jeito para fazer nomeações. Tem grandes amigos no Sul, Centro e Norte do país. Admira Pinto de Sousa, face aos contactos que entre si existiam, principalmente nos Cursos realizados na Cruz Quebrada, trocando muitas impressões. Comungavam plenamente a defesa intransigente da arbitragem. Quando solicitado dava informações a Pinto de Sousa sobre o valimento dos Árbitros lisboetas, assim como teve conhecimento que o mesmo se passava com os Presidentes dos restantes Conselhos Distritais. Considera que Pinto de Sousa tinha qualidade, isenção e alta competência na condução do Conselho de Arbitragem da Federação. Nunca se apercebeu que tivesse a defender os interesses da Associação de Futebol do Porto ou dos seus Árbitros. Em Lisboa, elaborou e foram aprovadas normas pelos Árbitros e não careceram de ser presentes na Assembleia-geral da Associação de Futebol de Lisboa para ratificação. Esta maneira de agir na Federação era muito mais complicada. Compreende que os factores de correcção aprovados pelo Conselho de Arbitragem da Federação, eram da sua competência e, como tal, uma margem de manobra para poder intervir em determinadas situações, casos de más notas, idades limites para promoção, comportamentos pouco éticos, factores que motivavam apreensão junto dos Conselheiros. A FIFA também limita a idade para aceitar novos internacionais. Se subissem todos de Lisboa a gestão do quadro perante as nomeações era complicado. Explica a diferença entre a avaliação e exames escolares, profissionais e na arbitragem. Os Assessores foram escolhidos dum lote de bons antigos Árbitros da primeira categoria, com experiência e qualidade. Avaliavam o trabalho dos Árbitros e iam à cabina dar os seus conselhos. O seu relatório era comparado com o dos Observadores e servia para o Conselho de Arbitragem ficar com opinião suplementar do valor do Árbitro observado. Inquirido quanto à questão da regulamentação estar necessitava de revisão respondeu que o Conselho de Arbitragem não tinha competência para apresentar alterações na Assembleia-geral da Federação, documento que tem de passar pela Direcção. Considera haver Associações de Futebol muito fortes no seio da Assembleia-geral e os interesses regionais estão muito longe de estarem próximos. Entende que se apresentasse iniciativas na Assembleia-geral poderiam até ser consideradas anticonstitucionais. Orgulha-se de ter sido Árbitro pelos princípios que sempre defendeu. Os Árbitros de futebol eram, quando estava em actividade, considerados juízes de campo. Informa que Pinto de Sousa afastava Árbitros que demonstrassem falta de ética, com custos do seu próprio bolso. Disse ainda que Lisboa trabalhava bem e em benefício dos Árbitros, pois chegou a ter preparador físico e psicólogo, logo muito à frente dos restantes Conselhos de Arbitragem. Afirma que nunca foi aplicada qualquer quota no seio da arbitragem, quanto a pessoas, distritos e outros elementos. Os Árbitros não podem sair das Associações pois só aí é que podem fazer a sua carreira oficial. Há uma Associação de Árbitros em Portugal, a APAF, da qual é o sócio 38.

JOÃO RODRIGUES MARTINS (Amigo) – Pinto de Sousa, seu amigo de longa data, é, diz, um homem especial e, segundo parece, cometeu erros, mas melhorou substancialmente as condições para que os Árbitros pudessem desempenhar cabalmente a sua actividade, já que pernoitavam em pensões de 3ª categoria e usavam sapatilhas e fatos de treino. Os Árbitros até a nível internacional passaram a ser credenciados e bem tratados. Referiu-se a um caso passado em que um Árbitro cometeu delito grave e estava para ser irradiado quando Pinto de Sousa lhe pediu que apresentasse carta a solicitar a demissão. O visado, ao tomar conhecimento do que lhe podia vir a acontecer, chorou porque não ia receber valores com que contava e como tinha a filha a estudar esta não iria terminar o curso, com certeza. Pinto de Sousa deu do seu bolso ao Árbitro em questão a quantia de 500.000$00 (quinhentos mil escudos) solucionando assim o problema. Outro caso dum jovem que estava classificado em primeiro lugar para ascender à Liga disse-lhe que era cedo, imaturo, que aguardasse mais um ou dois anos na categoria inferior para, com mais experiência, seguisse a sua carreira confiante e robusto. Subiu em 2005 à primeira categoria e em 2009 obteve as insígnias FIFA. Afiança que os Regulamentos promovem ilegalidades e injustiças. Razão porque o Conselho de Arbitragem criou instrumentos para fazer os tais ajustamentos das classificações dos Árbitros. Processo esse que não foi devidamente explicado. Afirma peremptoriamente que quem deviam estar no banco dos réus eram os Observadores. Pinto de Sousa, integro, cheio de qualidades morais, está amargurado com toda esta situação. Nunca beneficiou de favores para subir na vida. Lembra, ainda, que Pinto de Sousa telefonava para os Presidentes dos Conselhos de Arbitragem distritais a solicitar opinião sobre os seus Árbitros, ficando com o conceito mais valorizado de cada Árbitro. Isto antes das classificações anuais. Hoje adianta que há menos credibilidade na arbitragem. Só a Inglaterra, França e Espanha é que têm dez Árbitros FIFA. Portugal não! Assevera que Pinto de Sousa tentou alterar os Regulamentos. Que os Assessores eram técnicos habilitados para acompanhar os jovens Árbitros. Pinto de Sousa devia ter-se demitido, mas como gosta da arbitragem não o fez. Confessa que Pinto de Sousa não foi indicado pela Associação de Futebol do Porto, mas sim por Gilberto Madaíl, presidente da Direcção. Relata outro caso em que a vertente consensual se manifestou quando, em determinada altura e com os conselheiros em desacordo, estavam dois Árbitros internacionais para dirigirem o mesmo jogo e houve separação das águas, indo Rosa Santos para o jogo da Taça e Carlos Valente para o Campeonato. Sustenta que a família de Pinto de Sousa continua a sofrer com esta situação que já se arrasta há anos e pela maneira como ele tem sido tratado. Seus netos, seus filhos e esposa são todos dignos, respeitados e independentes, gente de bem afinal! Garante que Pinto de Sousa, no seu clube (Benfica), é vítima. Incapaz de cometer ilegalidades para prejudicar terceiros. Cometeu lapsos, mas é uma pessoa de bem! Declara que os Observadores são os grandes responsáveis de que Pinto de Sousa teve de recorrer aos Graus de Correcção e criar a figura de Assessor são reveladores de que há gente séria e, infelizmente, nefasta que passaram pelo Futebol, porque são pessoas que acabaram a sua carreira desportiva de Árbitros ou de Assistentes para poderem terem sucesso, entre aspas, têm que ceder a muitas coisas… O actual sistema de Observadores em Portugal é uma imitação da UEFA e da FIFA. Num jantar em Janeiro jantava com Pinto de Sousa e Árbitros soube que estavam para subir de categoria 5 Árbitros de Aveiro, quando o responsável pelas nomeações era desse zona do país, perante isto, tire-se as conclusões, rematou, terminando, assim, o período da manhã!

No reinício, após o almoço, o Tribunal deu a conhecer a sua decisão quanto à petição para que fosse ouvida uma perita, recusando, assim, o requerimento do arguido Paulo Torrão.

MANUEL VAZ SILVA (Amigo) – Conhece Pinto de Sousa desde que falou com ele em sua casa, após o 25 de Abril, quando foi mandatado pelo Boavista Futebol Clube para contratar um jogador do seu clube. A transferência era de 100.000$00 (cem mil escudos) e, na falta de cumprimento financeiro por parte do Boavista, foi Pinto de Sousa que, do seu bolso, regularizou aquele valor. Pinto de Sousa nunca foi apoiado pela Direcção da Associação de Futebol do Porto e sabia dos problemas que existiam no seu seio devido a Pinto de Sousa, pessoa não benquista. Mas que considera sério e incapaz de fugir ao cumprimento de regras. Adriano Pinto, ao tempo Presidente da Associação de Futebol do Porto, era quem mandava, que tinha muita influência na Associação de Futebol do Porto e não era aquilo que dele se pensava. Quanto à alteração de Regulamentos era muito difícil ou quase impossível. A maior parte das Associações de Futebol eram administradas por pessoas sem grande capacidade e simplórias. Muito difícil lidar com essa gente. Sofriam imensas pressões dos clubes, o que tornava muito problemático alterar regulamentos. E alguns sócios ordinários não percebiam nada da matéria, casos dos Treinadores, Enfermeiros, Liga e outros. Os assuntos eram adiados 4/5 meses e nada se resolvia. Um Congresso em Tróia foi inócuo. No seguinte, em Lisboa, não apareceu luz verde para a arbitragem. Pinto de Sousa é um homem sério e honesto. Nunca interessava à Associação de Futebol do Porto. As Associações de peso tinham grandes interesses, o que não acontecia com as de pequena dimensão. A Liga resolvia os seus. Hoje a Federação tem problemas e não os soluciona, caso da questão da Utilidade Pública. Foi convidado para Presidente do Conselho de Arbitragem. Não acreditava nos Observadores. Coisa estranha se passava no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto pois alguns dos seus elementos só queriam nomear os Observadores, que para si, era coisa banal, como comer pão. Influenciavam, por isso, as indicações, o que também se verificava na Federação. Estima que a nomeação do Observador era fundamental, uma das pedras-chave no sector. Pinto de Sousa, 100% honesto e sério e incapaz de fazer algo que estivesse incorrecto. Custa a acreditar porque é que está aqui, no Tribunal como arguido. Está a pagar pelo bem que fez ao futebol. Ele não veio buscar nada ao futebol, bem pelo contrário deu muito do seu bolso. As pessoas não gostavam dele mas era conciliador e ficava bem quando os Presidentes dos clubes aceitavam o Árbitro indicado. Há muito dinheiro em jogo e nunca fazia uma nomeação se o Árbitro fosse incorrecto para os clubes. Afirma que é honrado, um bom pai e bom marido. Preocupa-se com a família. Às sextas-feiras reúne com os seus familiares e mantém os hábitos e princípios tradicionais. Elas não matam mas aleijam e este processo afecta a esposa e demais familiares. Pinto de Sousa continua a sofrer, com consequências monetárias e físicas. As sequelas mentais e psíquicas deixam marcas profundas. Hoje a situação já não é igual, por ser difícil ultrapassar a questão e confessa que nunca mais na vida irá superar este acontecimento. Sabe que a carreira do Árbitro está nas mãos dos Observadores, por vezes insensíveis. A preocupação de Pinto de Sousa, disse, era resolver os problemas das Associações menos representativas que não tinham Árbitros nos quadros nacionais. Faria o mesmo se necessário, dado que essas regiões que não tinham ninguém que as defendesse. Fez parte de uma Comissão representativa da zona Norte com Fontoura e Madaíl os quais, em determinada altura, deixaram de defender a sua causa para passarem a apoiar Lisboa. Foi, ainda, inquirido sobre a saída dos Árbitros das Associações, tema que nunca foi por si ventilado. Explica o sistema de eleição do Presidente do Conselho de Arbitragem da Federação, que, de 1982 a 2004, com um pequeno intervalo de Braga, foi sempre o Porto a indicar o seu representante.

ALEXANDRINO MARQUES ROBALO (Amigo) – Conhece Manuel Nabais há 40 anos. Colega de emprego, sem nunca trabalharem juntos, sabe da qualidade do seu trabalho profissional e aquele que desenvolve no Conselho de Arbitragem, na área de Formação. Tem uma vaga ideia do que o seu camarada é acusado. Afiança que Manuel Nabais nunca faria algo contra os seus princípios de ética ou algo de errado. Tem um perfil muito humano, de carácter, sério e honrado. Incapaz de ceder a pressões. Colabora no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Castelo Branco, donde tem recebido apoio e sabe que se dá bem com toda a gente, principalmente quando acompanha e aconselha os jovens Árbitros albicastrenses.

CARLOS ALBERTO COSTA COUTADA (Amigo) – Conhece Azevedo Duarte há 30 anos a quem pediu que colaborasse nos Órgãos Sociais da Associação de Futebol de Braga, no seu Conselho de Arbitragem, isto depois de ter sido Árbitro e ter atingido o escalão maior nacional. Em 1998 foi indicado à Federação, para fazer parte do seu Conselho de Arbitragem. Desenvolve o sistema de eleição e votação para a Federação Portuguesa de Futebol em termos globais donde se realça a distribuição do universo dos 500 votos pelos sócios ordinários. Azevedo Duarte quando ingressou na Federação não tinha qualquer vínculo ou dever de apoiar os Árbitros da Associação de Futebol de Braga, nem qualquer outra pessoa. Tinha, isso sim, independência total, dedicação, competência técnica, lealdade, probidade e em toda a Cidade de Braga muito conceituado. Depois da arbitragem vive para a família e, na sua pequena horta, anexa à sua residência, vai tratando da criação. Confirma que não frequentava restaurantes de luxo ou outros lugares semelhantes. Quando consigo trabalhou nunca viu alterações do seu modo de vida, ligadas a algum ganho que as pudesse ter modificado. Respeita-o como sempre.

FERNANDO JORGE PEREIRA (Amigo) – Também conhece Azevedo Duarte há 3 dezenas de anos. Foi seu director, uma vez que desempenhava cargo na estrutura técnica da arbitragem federativa, na variante de futsal. Com ele sempre teve o melhor relacionamento. Recebia as suas orientações e opiniões. Com comportamento leal, nunca manifestou qualquer ingerência nas suas atribuições. Sempre o considerou como pessoa séria e honesta.
Ouvido ainda como testemunha de abonação de João Rosa Penicho, Fernando Jorge Pereira, adiantou que trabalhou com ele na Comissão Técnica de Futsal onde demonstrou ser uma pessoa de relacionamento íntegro e julga que não é influenciável. Foi um Árbitro recto. Como Observador era comum dar boas notas. Julga, por isso, que os critérios aplicados eram os justos. Não tem conhecimento directo se João Rosa Penicho está afectado com a situação de arguido neste processo. Diz ter ouvido falar nos factores de correcção mas nunca se interessou saber como eram aplicados. Esclarece que os relatórios dos Observadores e as notas atribuídas eram submetidas à apreciação da Comissão de Análise que as validava, ou não, tendo o Conselho de Arbitragem a última palavra sobre a matéria de pontuação. Não se lembra se a nota dada era passível de alteração.

CARLOS ANTÓNIO FERNANDES TELES (Amigo) – Desde quando era Árbitro conhece Luís Nunes, pois foi seu Presidente no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Aveiro. A relação desportiva tornou-se uma ligação de amizade. Diz que Luís Nunes exercia o seu cargo com rigor, aproximação e sempre preocupado com os seus filiados. Enquanto Observador pode, inicialmente, ter a ideia da pontuação que irá atribuir ao Árbitro, mas só quando estiver a fazer o relatório federativo e perante os apontamentos que recolheu, é que concretiza a avaliação. Contudo, aqui tem mais espaço de manobra entre o terminar o desafio e a elaboração do documento. Já o método na Liga é quase imediato, logo após ao final do jogo. Luís Nunes fez trabalho de projecção, aumentando o número de Árbitros aveirenses, mas, por vezes, são confrontados com dificuldades, caso das obrigações fiscais que os afectam.

AGOSTINHO ALVES E SILVA (Amigo) – Também conhece Luís Nunes quando era Presidente do Conselho de Arbitragem de Aveiro. Dirigiu-o como deve ser, extinguindo alguns vícios, tais como as faltas a exames e provas, dando-lhe uma imagem favorável e preocupava-se com os desempenhos dos seus filiados, facto que lhes dava muita confiança. Rigoroso e exigente não nomeava quem estivesse em falta. Fomentou a criação de Núcleos de Árbitros no seu Distrito, importantes entidades na formação contínua dos Árbitros e não só.

DINO AUGUSTO FERREIRA RASGA (Amigo) – Foi colega de Luís Nunes por mais de 6 anos no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Aveiro, mas já o conhecia como director associativo. Teve uma forma diferente de estar na arbitragem, pelo seu rigor e defensor acérrimo do sector. Quando pegou na arbitragem de Aveiro foi responsável pelo trilho certo que lhe deu. Ajudou a criar o primeiro Núcleo de Árbitros do Distrito, peça fundamental para o desenvolvimento da arbitragem. Substitui-o no cargo quando Luís Nunes foi para a Federação. Afiança que é um homem honesto e tem muitos amigos que ganhou na arbitragem. Dava a todos os cerca de 400 Árbitros as mesmas igualdades independentemente os objectivos definidos por cada qual. Nunca teve intenção de beneficiar ou prejudicar Árbitros. As decisões eram tomadas colegialmente. Discordâncias só dos clubes. Quando os Árbitros tinham classificações fracas só tinham que trabalhar mais para melhorar. Havia transparência. Tinham de se queixar de si próprios e não do Conselho de Arbitragem. Entende que Luis Nunes na Federação nunca favoreceu os Árbitros de Aveiro, pois tinha que zelar por todo o quadro que abrange todo o país. Das muitas vezes que falámos e nada mais fez do que cumprir com lealdade, como é seu timbre, a missão que lhe foi confiada a nível nacional, mesmo quando foi para o sector do Futsal, por rotatividade regimental.

JOSÉ NEVES COELHO (Amigo) – Conhece Luís Nunes há 12 anos. Fez parte da sua equipa no Conselho de Arbitragem, quando foi seu Vogal. Atesta ser pessoa íntegra, perfeccionista e de confiança e lutava por uma arbitragem melhor, sempre ao seu lado. Exigente para com os Árbitros aveirenses, conhecia-os a todos, mas não deixava de se preocupar com os seus desempenhos. Contactava-os e procurava saber se os seus jogos tinham corrido bem.

CARLOS ALBERTO FONSECA ESTEVES (Amigo) – Disse que colabora com a Federação Portuguesa de Futebol desde 2002. Considera Paulo como pessoa honesta, íntegra e bom profissional. Desde o principio estranha que Paulo Torrão esteja envolvido neste processo.

ADELINO FREITAS ANTUNES (Amigo) – Conhece João Rosa Penicho há 30 anos mas sem grandes intimidades. Diz que lhe pediu para colaborar na Comissão Técnica de Futsal Nacional e que teve comportamento exemplar. Assegura que é pessoa isenta, honesta, séria e respeitadora. Tanto quanto se lembra certifica que era ponderado e justo quer como Árbitro – que não teve grande relevo, mas atingiu a primeira categoria – quer como Observador. Por não haver jogos iguais e na questão de se estar correcto ou não há que ter senso e dar o benefício da dúvida ao Observador, isto na qualidade de Assessor. As classificações dos Observadores dependem do Assessor. Não acha que era influenciável nas notas que atribuía. As pontuações dadas eram corrigidas pela Comissão de Análise, presidida pelo Professor Jorge Pombo. Depois o Conselho de Arbitragem é que aplicava os factores de correcção, regras que nunca conheceu, implicitamente a sua aplicação. Quando enviavam os relatórios com destino à Federação nunca mais voltavam aos Observadores. Aos almoços João Rosa nunca falhou.

ABÍLIO DA SILVA NEVES (Amigo) – Conhece e bem o Manuel Nabais há 38 anos. Eram colegas de emprego. Sabia que fazia parte da área desportiva. Confirma ser uma pessoa de bem, honesta e justa. Muito estimado nunca teve problemas. Na festa de homenagem profissional que lhe fizeram teve consigo muita gente que o estima e considera. Tem esposa e duas filhas e com elas um excelente relacionamento. Quando trabalhava falava muito da família. Acedeu ao convite de Manuel Nabais para ser sua testemunha por achá-lo incapaz de fazer algo de mal. Influenciável? Perguntaram-lhe. Respondeu que pelo seu amigo até apostava a sua própria vida!

ANTÓNIO JOSÉ SANTOS BRANDÃO (Amigo) – Há 15 anos que conhece João Henriques do futebol e professor em Arganil. Ele dirigiu o jogo entre as equipas do Marítimo-B e do Ribeira Brava, em 26.10.2003 e afiança que o relatório do Observador peca por defeito, já que viu o jogo na íntegra em suporte informático, em DVD. De harmonia com os seus conhecimentos técnicos diz que merecia nota superior, já que o Manual de Instruções orienta o Observador para questões relevantes que poderão melhorar a pontuação, casos de condições climáticas, controlo do jogo e da disciplina, incerteza de resultado e outras referências. Verificou-se que devido a chuva torrencial o relvado estava em muito mau estado. Que se verificou uma expulsão e assinalou uma grande penalidade. Se fosse o Observador dava-lhe nota 4 em vez da nota 3 que lhe foi atribuída. O Observador anotou um empurrão entre jogadores a meio campo, mas, na sua opinião, esse facto foi insignificante, razão que a nota atribuída foi condicionada por aquele movimento. Desconhece se João Henriques contactou alguém para melhorar a nota deste jogo por si dirigido.

JOSÉ PEREIRA CARVALHO (Amigo) – Também conhece João Henriques há dezena e meia de anos. Viu o relatório do jogo assim como o jogo na íntegra, através do já referido DVD e considerou, face aos seus conhecimentos técnicos, a pontuação 3 como se tivesse sido um jogo normal, quando não o foi. Para essa análise há que ajuizar factores externos e internos. Tais como a incerteza do resultado, competitividade, cariz de dificuldade, tempo instável, o estado do relvado que condicionava o desenrolar do desafio e grande penalidade assinalada contra a equipa da casa. Se fosse o Observador, e dentro da sua bitola – mais ou menos exigente – garante, que lhe dava mais pontuação. O anotado empurrão tirou-lhe um ponto. Há zonas no campo mais ponderáveis do que outras, mas a zona central é daquelas que menor peso tem para a avaliação do Árbitro. O Observador em casa, quando está a preencher o relatório, é que analisa o desempenho do Árbitro que analisou, logo dará a pontuação condizente. Não sabe se João Henriques falou com alguém no sentido de que valorizar a nota que lhe concederam.

Próxima sessão: Dia 24 de Março (quarta-feira), com início previsto para as 09H30 e, se necessário, continuará às 14H00.

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