sexta-feira, 20 de abril de 2012

NAQUELE TEMPO (LVI) – ABRIL DE 1962

No Boletim “O Árbitro” nº 58 (ano V), de há cinquenta anos, mereceram destaque as seguintes rubricas:
NOVO EDITOR – Hugo Silva, nas primeiras palavras que escreve alusivas a este cargo que exerce no órgão oficial da Comissão Central, não deixa de referir que vai empenhar-se com afinco e dedicação, oferecendo algumas das poucas horas de sono de que ainda dispunha, mas fará com alegria e vontade dando, assim, o tempo por bem empregue… 
COLÓQUIOS PARA TREINADORES DE FUTEBOL – Em boa hora o Sindicato Nacional dos Treinadores de Futebol convidou a Comissão Central para se fazer representar nestas iniciativas, atitude que se louvou. Os muitos treinadores participantes estiveram atentos às matérias que foram discutidas e, bem assim, as individualidades que compareceram às sessões. A CCA esteve representada pelo seu presidente, Dr. Fernando Pimenta e Luís Gaspar, vogal.
 Manuel Fragata, conhecido colega setubalense, que foi internado no Hospital da CUF, por ter sofrido grave e aparatoso desastre de viação, está a experimentar sensíveis melhoras. Regressaram a Moçambique Jaime Ferraz Rodrigues Gabão (Porto Amélia) e António Rodrigues Cunha (Beira). Eduardo Neves, de Viseu, não tem podido actuar devido a enfermidade que contraiu. Registe-se o casamento do colega lisboeta António Mendes Florindo. Os noivos seguiram em viagem de núpcias para o norte de Portugal. José Conceição Russo, de Setúbal, também se consorciou no mesmo dia (22 de Abril, domingo de Páscoa). Os Árbitros de Vila Real, Euclides António de Almeida e Mário Augusto da Silva, suspenderam a actividade por terem viajado para Angola e Tete (Moçambique), respectivamente. Manuel Domingos Lebre, do Porto, foi licenciado. Amadeu Pereira Leite, de Braga, foi transferido para Bragança. António Rodrigues da Cunha
TEM A PALAVRA UM DIRIGENTE – Fernando Monteiro Alves (na foto), dirigente do Sport Lisboa e Benfica dá conta da experiência sentida quando acompanhava a sua equipa por todo o Portugal e o que sentia nos bastidores dos estádios antes do jogo se iniciar. O frenesim dos jogadores, com massagens, equipamento, chuteiras, os treinadores a ultimarem e a transmitirem a táctica desejada, os dirigentes a tratarem da papelada da burocracia, os médicos e massagistas a cuidarem da saúde dos atletas, enfim, momentos de tensão e preocupação para que nada falte e que tudo corra bem. Admite que a actividade do Árbitro é uma das mais responsáveis e melindrosas, tais os casos que a cada passo surgem e que têm de ser resolvidos no imediato. Aos Árbitros tudo lhes é exigido, a perfeição, a decisão, de preferência que seja favorável ao seu clube. Alvo de duras críticas, por vezes sem razão. Mais diz que nunca seria Árbitro de futebol. Contudo, deixa uma mensagem aos seus colegas dirigentes: As equipas de arbitragem deveriam merecer melhor apoio e respeito, melhor compreensão e justiça, mesmo porque sem elas eram impossíveis os desafios de futebol. Que formoso seria e que índice revelaria assim o civismo e de civilização o luso adepto da bola! Encetem os próprios dirigentes o culto dessa nova mentalidade, que assim darão um digno e salutar exemplo!  
NOVOS CANDIDATOS EM LISBOA – A Comissão Distrital de Lisboa procedeu à abertura de mais um curso, com forte presença de entidades que superintendem no Desporto, quer oficiais quer associativas e federativas.
 O israelita Aharon J. Werner (na foto) foi o escolhido para constar nesta rubrica. Ingressou no quadro da FIFA em 1958/59 e saiu em 1963/64, não constando o seu nome em 1959/60 e 1960/61. Muito gostaria de ter actuado em Portugal e na Espanha, mas a situação geográfica do seu país foi marco impeditivo. A sua forma física era mantida praticando basquetebol e voleibol.
 Porque está em estudo a revisão do Estatuto e Regulamento da arbitragem suspende-se a publicação que se estava a fazer dos documentos em questão. O falecimento de Militão Luís de Sousa, antigo Árbitro e dirigente dos mais cotados e competentes que jamais passaram pela CCA e pela Comissão Distrital de Lisboa, apanhou toda a gente de surpresa. Árbitros da Madeira (António Flores Caires Camacho e António Ferreira) contribuíram monetariamente para atenuar o custo do mausoléu dedicado ao saudoso mestre Ribeiro dos Reis. Também a Comissão Distrital de Setúbal organizou um curso de candidatos, com a particularidade de vir a ser descentralizado se vier a acontecer mais de dez inscrições nas localidades do distrito. Renato Santos, o árbitro conimbricense do quadro nacional foi aos Açores dirigir jogos para a eliminatória insular da Taça de Portugal.
Mas que diferença… A Federação Portuguesa de Patinagem reserva alguns lugares para os Árbitros seus filiados, quando a selecção nacional de hóquei patinado vai actuar além fronteiras. A de Futebol, nicles… Coloca-se a questão da não aplicação da lei da vantagem quando o Árbitro interrompe a partida e resulta benefício ao infractor. Assunto muito polémico. Há que cumprir com o que está determinado. Os colegas gregos querem vir actuar em Portugal, isto em moeda de troca pelos nossos camaradas que viajaram e dirigiram desafios em Atenas, o que consideram justo. Há que por termo à violência que se tem vindo a verificar. Os Árbitros, sempre as eternas vítimas! Lamenta-se que a FIFA não tenha escolhido um Árbitro português para o mundial 1962-Chile, depois de tantos elogios que nos faz há um tempo a esta parte… 

-O nosso saudoso Árbitro internacional Dr. Décio de Freitas em Atenas, entre colegas gregos-

TÍTULOS – Adriano Peixoto assina “A permanente renovação dos Quadros da Arbitragem”. António Augusto Santos, expressa um curioso artigo que denominou: “Os sentidos cardeais do fora de jogo”. Barros Araújo subscreve “Factos e Reflexos”.
-O também recordado Eduardo Gouveia (ao centro) actuou na Grécia-
BIBLIOTECA – São divulgados mais 71 títulos de livros que estão ao dispor dos assinantes do Boletim.

 -O saudoso Francisco Guerra (à direita), internacional, no Funchal, com amigos-

REUNIÃO DE ATENAS – Fernando Pimenta, presidente da portuguesa Comissão Central de Árbitros de Futebol (CCAF), dá conta dos resultados deste encontro que reuniu dirigentes da arbitragem da Grécia, Jugoslávia, Turquia, Israel e Portugal. Não puderam comparecer Espanha, Egipto, Bulgária e Roménia. Os assuntos tratados e discutidos foram de capital importância para se saber como proceder futuramente. Realce-se a questão da revisão do actual sistema de nomeação que não tem levado em linha de conta a igualdade de tratamento que todos os países devem ter nesta área; permuta de árbitros internacionais nos jogos particulares entre selecções e exame analítico quanto à atribuição da insígnia FIFA, que não está de harmonizada globalmente, como é explicado já a seguir.
-Convívio promovido pela Comissão de Arbitragem de Quelimane (Moçambique), aos seus colegas de Lourenço Marques, Beira e Nampula-
Na Ásia e em África os Árbitros ao dirigirem 3 jogos têm direito ao escudo. Nos restantes continentes o mínimo é de 6 encontros! Sobre este tema deva-se dizer que a proposta a enviar à FIFA baseava-se no seguinte pressuposto: A entrega seria feita àqueles que tendo figurado três vezes na lista anualmente remetida hajam, no decurso desse período, dirigido três encontros internacionais entre selecções AA ou BB e a outros Árbitros que, incluídos durante cinco anos nas listas entregues ao organismo máximo do futebol mundial, tenham ou não, durante aquele tempo, arbitrado qualquer partida internacional. Sobre esta viagem o presidente da CCAF elaborou um extenso e objectivo relatório, que ocupou seis páginas deste exemplar do Boletim.
-Árbitros que actuaram no campeonato moçambicano: Ernesto da Fonseca (Quelimane), Passos Soares (Beira), Abel Bastos (Lourenço Marques) e Louro (Nampula)-
ALERTA - Carmo Lourenço faz um sentido “Apelo aos Árbitros”, para que se esmerem e que consigam angariar mais assinantes do Boletim “O Árbitro”, pois só assim é que se pode superar o défice financeiro existente e melhorar a sua qualidade.
-As equipas do Sporting de Nampula e Ferroviário da Beira com o trio de arbitragem, chefiado por Ernesto da Fonseca-

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