sexta-feira, 1 de novembro de 2013

NAQUELE TEMPO – NOVEMBRO DE 1963 – EPISÓDIO 75

No Boletim “O Árbitro” nº 77 (Ano VII), publicado há meio século, os temas principais foram:
SUBSCRIÇÃO EM MEMÓRIA DE VICENTE CABALLERO
Anuncia-se o valor recolhido até agora (650$00), que irá custear a aquisição de uma lápide a ser colocada na campa deste saudoso colega espanhol.
EDITOR REGRESSA
Joaquim Campos, depois de uma ausência de dezassete meses, volta a exercer as suas iniciais funções, com mais disponibilidade e determinação, dado que, quando saiu, não o fez zangado e ninguém ficou contrariado ou desavindo consigo.
O delegado em Viseu, Eduardo Neves, subscreve “À sombra da cruz”. O Dr. Furtado Melo, da Ilha de São Miguel, continua a desenvolver o tema: “Desporto e Medicina”. O Árbitro de Setúbal, José Paulo Guimarães, expressa “A minha opinião”. Manuel Marques dos Santos, de Setúbal, assina “Medida acertada, exemplo a seguir”.
Do livro “Tratado Ilustrado de Leis de Futebol”, do Prof. Marque de Matos continua a divulgar-se “Conceitos sobre arbitragem”, recomendando muita atenção à área de grande penalidade, faltas dentro e fora da grande área, interpretação correcta da lei, marcação de pontapés livres, grande penalidade e há que cortar o mal pela raiz… Carlos Martins, jornalista desportivo do Porto, descreve “Reuniões de curso”. “A grande penalidade”, por António Augusto Santos, que elabora extenso questionário com perguntas e respostas. João Gomes, do Porto, escreve sobre “Agradável surpresa”.
1.Recorda-se Ribeiro dos Reis ao focar-se que no dia-a-dia, nos campos de futebol, surgem problemas novos que criam embaraços para a sua resolução, ao que ele adiantou: “Há quem considere futilidade e bizantinismo e delas sorria desdenhoso, certas questões que por vezes são apresentadas por alguns Árbitros sobre casos curiosos, verdadeiras fantasias, quase inverosímeis!”
2.Em Espanha os agentes da policia que se encontram ao serviço nos rectângulos de jogo têm um pequeno banco que utilizam não só para estarem mais confortáveis como, assim, não prejudicam a visibilidade aos espectadores das primeiras filas da bancada ou do peão. Já em Portugal isso não acontece o que por vezes os agentes são alvo de chacota dos presente que vêem ali um obstáculo que lhes dificulta a visão perfeita do espectáculo.
3.O Boletim esteve representado nas tomadas de posse dos novos dirigentes da Associação de Futebol de Lisboa e da Federação Portuguesa de Futebol.
COMISSÕES DISTRITAIS – ACTIVIDADE
1.AVEIRO-Na busca de melhores conhecimentos e experiências para os seus filiados foram programadas palestras sobre as leis que regem o futebol em São João da Madeira, não só para os seus residentes, como os de Oliveira de Azeméis, Vila da Feira e Lourosa. Em Estarreja, Albergaria-a-Velha, Ovar e Espinho. Aveiro, Águeda, Anadia e Pampilhosa.
2.LEIRIA-Numa reunião com os Árbitros foi prestada homenagem póstuma ao antigo Presidente, Capitão Eduardo Maria Correia Gaspar, com o descerramento de uma sua fotografia. Depois dos discursos alusivos ao acto os Árbitros fizeram as suas provas atléticas dentro dos parâmetros exigidos. Terminou a sessão com um almoço que reuniu os Árbitros e dirigentes.
3.LISBOA-Mais um curso de candidatos está a decorrer, desta feita com 60 inscrições.
4.PORTO-Levou a efeito as seguintes provas escritas e práticas para os seus inúmeros Árbitros: Ponto escrito sobre leis do futebol; competições atléticas, baseadas nas corridas de oitenta e mil e quinhentos metros em pista. Não serão penalizados quando errem no primeiro exame.
1.A FIFA alterou o número mínimo de jogos internacionais necessários para os Árbitros ostentarem a insígnia de internacional, que passa a ser dois em vez dos até aqui seis. Nesse caso o lisboeta HERMÍNIO Henrique SOARES [n. 23.05.1915†26.09.1981] e o portuense FRANCISCO Gonçalves GUERRA [n. 04.09.1917†30.11.1986] vão usufruir daquele emblema, ficando Portugal com 3 elementos nessas condições.
-HERMÍNIO SOARES-
2.Durante a disputa do jogo do campeonato nacional da segunda divisão, zona sul, entre o Sport Grupo Scalabitano “Os Leões” (f. 08.12.1911) e o Portimonense Sporting Clube (f. 14.08.1914), um jogador da equipa de Santarém, depois de ser atingido com uma forte bolada, num remate desferido à queima-roupa, caiu inanimado no terreno de jogo. Um seu adversário, de apelido Santos, média da equipa algarvia, não vacilou e de imediato deitou-se no chão, por sinal numa poça de água, colocando o corpo do lesionado em cima do seu para que melhor pudesse ser assistido! Caso raro de altruísmo que se regista e aplaude.
-FRANCISCO GUERRA-
3.Em referência ao que aconteceu no Barreiro, onde o lisboeta Aníbal Silva Oliveira [n. 06.11.1918†04.02.2010], teve que suspender a partida que estava a dirigir por uma das balizas ter caído, um espectador do Porto conta que na época 1919/1920 o jogador do Sporting Clube de Portugal (f. 01.07.1906) Francisco Stromp fizera tombar, com um potente pontapé, um dos postes da baliza do campo da Constituição!
4.A Federação Portuguesa de Futebol enviou carta a agradecer ao Boletim pela difusão feita à campanha de disciplina que a FPF tem estado a promover.
UM ÁRBITRO ESTRANGEIRO DE MÊS A MÊS
O belga Hubert Burguet (internacional de 1963 a 1968), deu conta que jogou futebol mas não foi por aí além.
-HUBERT BURGUET-
Profissionalmente exerceu o cargo de director de empresa de seguros. Ao serviço da arbitragem já actuou na Áustria, Escócia, França, Holanda, Inglaterra, Itália e Portugal.
1.Regressa à actividade, em Santarém, Isidro José Fragoso, depois de ter estado ausente mais de dois anos em Angola.
2.Transferiram-se para Lisboa e Évora, respectivamente, Fernando Joaquim de Sousa Cruz (do Porto), José Joaquim Pontes (de Luanda) e Rogério Neves da Silva (Timor); e João Pedro Rosado (de Luanda).
3.Saúda-se os 38 anos de existência do semanário desportivo “A Voz Desportiva”, de Coimbra.
4.António Dores da Silva e Alfredo Soares da Silva, filiados no Porto, deixaram a actividade.
5.Eduardo Antunes de Souto, de Santarém, seguiu para África.
6.O lisboeta Jaime de Jesus Pires, viu o seu pedido de licenciamento deferido.
7.Está a passar férias em Portugal o luandense Adelino Barbosa Ramos.
8.O semanário de Castelo Branco “Reconquista” transcreve artigo publicado no nº 75 deste Boletim, pelo que se agradece a deferência.
Começa a ser publicado este estatuto emitido pela Comissão Central de Árbitros, com a divulgação do Capítulo I-Comissões Central e Distritais de Árbitros (Constituição e competência) e os seus 8 artigos. Refira-se que este documento foi aprovado por Sua Exª o Sub-Secretário de Estado da Educação Nacional, em 25 de Outubro de 1963.
PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL
1.Dada a impossibilidade de dar execução aos objectivos pretendidos com a criação do “Fundo de Aperfeiçoamento Técnico” foi deliberado suspender a dedução de 10% nos prémios dos Árbitros com destino àquela conta. Congratula-se com tal medida por atenuar, embora ligeiramente, os efeitos da parca remuneração que, contrariamente aos seus propósitos, é recebida pelos seus filiados. (Circular 5, de 29.10.1963).
2. É pedido a todas as Comissões Distritais que elaborem um orçamento descritivo com as receitas e despesas previstas para a época, dado pretender-se elaborar um estudo financeiro para saber como vivem estas entidades. Mensalmente, até ao dia 15 do mês seguinte devem enviar cópia de balancete referente ao período em apreciação. (Circular 6, de 31.10.1963).
3.É exigido às Comissões Distritais a remessa até à quinta-feira anterior à realização dos jogos, de uma relação nominal dos Árbitros nomeados para as provas distritais, com indicação das partidas onde irão actuar, respectivos campos, dias e horas. (Circular 7, de 08.11.1963).
4.Ainda o Regulamento Geral da Arbitragem a Comissão Central obriga as Distritais a enviar-lhe, num espaço muito curto, o número de filiados em actividade (incluindo os estagiários), A composição actual do quadro de dirigentes com indicação dos cargos que exercem, seus nomes e residências, e tudo o mais que for entendido para o fim em vista. (Circular 8, de 31.10.1963).
1.Assinala-se a reaparição do espanhol Juan Gardeazabal [n. 27.11.1923†21.12.1969], depois de mais de uma ano de ausência, devido a lesão contraída quando dirigia um jogo de futebol.
2.A Liga de Futebol inglesa, preocupada com a onda de violência que assola as suas competições, com agressões constantes e perseguições aos Árbitros, jogadores mal tratados e tudo mais, pela voz do seu secretário, Agan Hardakerd [n.29.07.1912†04.03.1980], afirmou: “Creio que o reforço de policiamento e punições mais severas, não serão suficientes. O remédio terá de ser outro pois os dirigentes do futebol entendem que o que está ocorrendo faz parte de um problema nacional”.
3.O insólito aconteceu na ilha de Oleon onde um Árbitro ao separar dois jogadores que estavam a lutar entre si, atingiu um deles com uma cabeçada que o deixou sem sentidos. Foi conduzido ao Hospital com problemas sérios. Os espectadores iam linchando o agressor, mas não deixou de ir responder em Tribunal.
4.Os prémios pagos aos Árbitros ingleses nos jogos da 1ª ou 2ª divisões rondam os seiscentos escudos, acrescidos de diária e despesas de deslocação. Os Fiscais de Linha auferem aproximadamente metade do valor anunciado. Em encontros internacionais entre clubes ou jogos particulares a quantia dobra.
1.Sobre a lei da vantagem comenta-se o facto de grande parte dos críticos evocaram como desprestigio e desrespeito o seu não cumprimento por parte dos Árbitros. Tais observadores deveriam compreender melhor as situações, porque as faltas ao não serem assinaladas nos momentos precisos poderiam ocasionar graves problemas disciplinares, que viriam logo a seguir. E, para evitar males maiores, todos os cuidados são poucos…
2.Os delegados das equipas deveriam ser os primeiros a contribuírem para a disciplina e manutenção da ordem dentro das atribuições que lhe estão reservadas. Por vezes não é assim. Excedem-se, discutem, gesticulam expansivamente, contagiando sócios e adeptos que criam sérios e embaraçosos problemas que, com um pouco mais de calma e ponderação, poderiam ser evitados.
3.Lamenta-se que a critica clame muitas vezes contra o “caseirismo” da arbitragem, acusando os juízes de protegerem o clube visitado ou o mais forte, sem que lhes assista a mais pequena razão. São os Árbitros que sentem feroz crítica quando o clube da casa perde e os jornalistas da terra apontam ao juiz todas as culpas do desaire da equipa. Apela-se ao bom senso das pessoas que têm de apreciar o trabalho do Árbitro, independentemente de ser ou não adepto, jogador ou dirigente de um dos clubes em confronto.
4.Volta a falar-se das poucas nomeações que os internacionais portugueses têm no estrangeiro. Só a Espanha, e vá lá… Esperam-se melhores dias, mas até lá não se deixará de se invocar a necessária justiça nas escolhas, já que os nossos Árbitros são olvidados.
Taça dos Campeões Europeus, segunda eliminatória, primeira mão-Em 06.11.1963, no Estádio da Luz, Lisboa, defrontaram-se as turmas do Sport Lisboa e Benfica (f. 28.02.1904) e a alemã do Borussia de Dortmund (f. 19.12.1909), que terminou com a vitória do anfitrião por 2-1. Os Árbitros vieram de França. Principal, Pierre Schwinté [n. 06.03.1922]. Auxiliares, Machin e Wattiez.
Taça das Cidades com Feiras, oitavos de final, segunda mão-Em 20.11.1963, Em Espanha, no Estádio la Romareda, defrontaram-se as equipas do Real Zaragoza (f. 18.03.1932) e do Football Club Lausanne Sport (f. 15.09.1896), da Suíça, e o resultado sorriu aos visitados por 3-0. Equipa de Arbitragem portuguesa: Principal, ÁLVARO RODRIGUES [22.11.1922†20.02.2002], de Coimbra, DÉCIO Vítor Bentes de FREITAS [23.03.1919†29.12.1975] e JOAQUIM Fernandes de CAMPOS [05.09.1924], ambos de Lisboa.
Taça das Taças, segunda eliminatória, segunda mão-Ainda em 20.11.1963, no Estádio Alvalade, o Sporting Clube de Portugal (f. 01.07.1906) derrotou, novamente, o cipriota Apoel, de Nicósia por 2-0, quando na primeira mão, no mesmo recinto desportivo, aplicou 16-1! Equipa de arbitragem espanhola. Principal, Daniel Zariquiegui Izco [n. 09.10.1924]. Auxiliares, Carlos Alvarez e José Cardelo.

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